O goleiro Gabriel foi campeão mundial com a seleção brasileira sub-20 e jogou no Milan de Kaká até chegar ao Lecce, da segunda divisão da Itália. Descoberto ainda adolescente pelo Cruzeiro, ele jogou na base com Dudu, Lucas Silva, Alisson e Mayke antes de começar a treinar com o time profissional com apenas 16 anos. c725n
"O Fábio era referência porque tenho uma família cruzeirense. Foi um aprendizado muito grande, eu era o menino que estava com olhos brilhando vendo o ídolo", disse ao ESPN.com.br.
Aos 18, o goleiro foi chamado pela primeira vez para a seleção brasileira de base após jogar a Copa São Paulo.
"Ali eu entendi que viraria jogador profissional de verdade porque via tanto amigos que não chegavam ao profissional ou iam para clubes pequenos. Quando você é chamado, sente que vai chegar. Foi inesquecível", contou.
O goleiro ou a ficar mais conhecido durante o Sul-Americano sub-20 de 2011, que foi vencido pela seleção brasileira com nomes como Lucas Moura e Neymar.
"Naquele torneio a gente viu que eram jogadores fora do normal porque tinha jogo que o Neymar ganhava sozinho e fazia três ou quatro gols. Isso contra times fortíssimos. O que mais me impressionou foi a velocidade que tinha para conduzir a bola e driblar. Enquanto alguns jogadores são muito velozes sem a bola ou precisam de muito espaço para correr com a bola, ele consegue ser rápido e driblar ao mesmo tempo, com espaço pequeno", afirmou.
Poucos meses depois, ele foi titular da conquista do Mundial sob o comando de Ney Franco.
"O Lucas e o Neymar não foram porque estavam com a seleção principal, nisso vieram Coutinho e o Oscar, que também eram muito acima e fomos campeões. O jogo contra a Espanha nas quartas de final foi marcante porque a nossa comissão tentou entrar em contato com a seleção espanhola para trocar material dos jogos. E eles recusaram porque disseram que não precisavam estudar adversário".
"Por 20 minutos não vimos a cor da bola, eles tocando a bola de um lado para outro, e a gente só correndo errado. Depois, começamos a jogar e o jogo terminou empatado 2 a 2 na prorrogação. Nos pênaltis, eu tive a felicidade de defender três cobranças e amos. O time deles era muito bom, tinha Isco, Koke, Rodrigo e Morata... Foi um jogaço", contou.
Após a competição, Gabriel foi cobiçado por quatro clubes importantes da Europa.
"Tive propostas de quatro clubes diferentes: Tottenham, Juventus, Porto e Milan. Mas a que mais me interessei foi a do Milan porque acompanhava de pequeno o time de Dida, Cafu, Kaká e Ronaldinho. Era um time muito forte. Depois do Mundial, eles acertaram com o Cruzeiro e me apresentei depois da Olimpíada".
Prata na Olimpíada 5s602j
Gabriel foi convocado para ser o terceiro goleiro nos Jogos Olímpicos de Londres, mas viu sua sorte mudar após o titular Rafael Cabral se lesionar.
"A gente venceu as duas primeiras partidas, e o [técnico Mano Menezes] colocou os reservas no terceiro jogo porque já estávamos classificados. Eu fui bem, mas nada demais. Na preleção para as quartas, achei que o Neto jogaria, mas o Mano me deixou de titular. Foi uma surpresa e joguei os outros jogos até a final", contou.
O Brasil ficou com a medalha de prata após perder a decisão para o México.
"A gente tinha uma pressão muito grande porque nunca tinha vencido a medalha de ouro e tínhamos um time muito forte com Neymar, Marcelo, Thiago Silva, Oscar e Hulk. A expectativa era muito alta. Jogamos bem até a final, mas contra o México eles acharam dois gols. Bateu aquela tristeza porque o objetivo estava tão perto e não conseguimos. É frustrante, mas depois de um tempo muda sua ideia. Foi um feito muito importante para nós", garantiu.
Gabriel chegou ao Milan no meio de 2012, logo após o clube vender Thiago Silva e Ibra ao PSG. Apesar disso, era uma equipe que disputava Champions League.
"Quando você chega, é tudo muito novo. Era um menino de 19 anos que tinha uma estrutura, mídia e glamour muito grandes. O dia a dia no CT Milanello é um ambiente muito familiar com os funcionários e cria amizade. Fui muito ajudado por um goleiro mais velho, o Ferdinando Coppola, que me dava grandes conselhos. Treinava a semana toda com o profissional e jogava com o segundo time para ganhar ritmo", contou.
Jogando com Kaká no Milan 3v2240
Ele chegou a jogar no Milan com Kaká, que tinha acabado de voltar do Real Madrid. "Foi marcante porque ele era meu ídolo de moleque e pude conhecê-lo".
Na segunda temporada, Gabriel estreou na vitória por 1 a 0 contra a Udinese no estádio San Siro válido pelo Campeonato Italiano. "Foi fantástico, a torcida gritou meu nome", disse.
O brasileiro fez mais seis jogos oficiais até a volta do titular Abiatti, que estava lesionado. Na temporada seguinte, ele foi para o Carpi em busca de mais espaço e virou destaque no título da Série B Italiana.

Cedido na temporada seguinte ao Napoli, ele jogou apenas partidas de Liga Europa. Depois, ou por Cagliari, Empoli e Perugia até ser contratado pelo Lecce, que disputaria a Série A do Italiano. Mesmo após a queda para a segundona, ele permaneceu na equipe e não tem planos de voltar ao Brasil tão cedo.
"A diretoria é muito séria e quer fazer o clube crescer. É a minha terceira temporada e estou muito feliz. O ambiente é legal e a cidade é maravilhosa. Gosto muito da Itália. Meu objetivo é conseguir o o para a Série A Italiana e estamos trabalhando duro para isso, temos chances. Estou focado e vamos fazer de tudo para conseguirmos", finalizou.